“Não sou vidente”, diz deputado que indicou procurado pela Interpol ao GDF
O parlamentar afirmou que conheceu James Marciel durante sua campanha e desconhecia o alerta em seu nome
atualizado
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A coluna apurou que James Marciel Sousa Oliveira, o brasileiro que aparece na Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), havia conseguido o cargo público na istração regional de Brasília por meio de indicação do deputado distrital Eduardo Pedrosa (União).
Ao apurar o caso, a reportagem apurou que o homem procurado pela Argentina por cometer crimes de associação ilegal e fraude especial para uso de dados de cartões de débito e/ou crédito de terceiros mantinha um perfil pessoal nas redes sociais em que postava diversas fotos e vídeos ao lado do político.
Por meio da assessoria de imprensa, o deputado distrital afirmou, na tarde desta quinta-feira (12/6), que “não é vidente”, por isso não poderia saber que o homem aparece na lista da difusão vermelha da Interpol.
“Fui eu quem indicou, sim. Conheci essa pessoa durante a campanha, como conheci tantas outras que se aproximaram para ajudar. Sempre agiu com respeito, teve um bom comportamento e apresentou toda a documentação exigida pelo Governo do Distrito Federal, com certidões limpas no Brasil”, detalhou.
O parlamentar continuou dizendo: “Agora, aparece uma acusação antiga, de mais de 10 anos, na Argentina, um fato que ninguém aqui sabia, nem a Polícia Federal, nem a Justiça brasileira”. “Como eu poderia adivinhar? Não sou vidente nem tenho o ao sistema judiciário argentino”, argumentou.
“Se a própria lei brasileira não o acusava, como é que eu ia saber? Foi uma surpresa pra mim, como foi para todo mundo”, disse Pedrosa.
O distrital finalizou dizendo que o que importa agora é que a Justiça apure os fatos com seriedade. “Quanto a mim, sigo com a consciência tranquila. Meu compromisso é com o que está certo, como sempre foi.”
Procurado com cargo em órgão público
Nessa quarta-feira (11/6), a coluna revelou, em primeira mão, que James é procurado pela Argentina pelos crimes de associação ilegal e fraude especial para uso de dados de cartões de débito e/ou crédito de terceiros.
James aparece com outros 71 brasileiros na difusão vermelha da Interpol – ao lado, inclusive, da deputada federal Carla Zambelli, que entrou para a lista no último dia 5 de junho, após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Mesmo aparecendo na lista vermelha, ele havia sido nomeado, em outubro de 2024, para o cargo de assessor da Diretoria de Articulação do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (Codes-DF).
Por meio do Portal da Transparência, a reportagem constatou que James Marciel recebia salário bruto de R$ 4 mil pelo cargo de assessor na istração Regional do Plano Piloto.
A coluna esteve no órgão, na manhã dessa quarta-feira (11/6), e constatou que o homem trabalha no local. Por volta das 16h dessa quarta, a istração oficializou a exoneração por meio de uma publicação em edição extra do Diário Oficial do DF.